05/06/2005
COMENTANDO A POLÍTICA
Mário Sérgio Mello Xavier*
05/06/2005
Não é mais possível falar em direita, esquerda, e centro. São definições obsoletas, superadas e que, a rigor, nada dizem. O sentido, de agora em diante, deverá ser para a frente e para o alto. Avançando e crescendo. Até porque, numa roda de negociação, quem se colocar muito mais à direita, acabará na esquerda, e vice-versa. E quando a oposição chega ao poder, ela vira situação. E o conceito de direita e esquerda, muda de lugar. Invertendo o seu sentido original ou permanecendo (parcial ou totalmente) no mesmo lugar.
Há tempos que se fala em reformas neste país. E uma delas, a reforma política, no meu entendimento, é a mais importante de todas. Pelo menos na ordem de tratamento. Porque ela irá definir, com segurança e transparência, o processo através do qual a população fará a escolha dos nossos representantes. Tanto no Congresso Nacional, como no Poder Executivo. Escolhendo o responsável pela condução dos destinos dessa grande e amada nação chamada Brasil: o nosso presidente. E tem outras abordagens para esta reforma política. São os mitos e os costumes arraigados neste contexto.. Refiro-me às definições usualmente aceitas, que, ao mesmo tempo que tentam generalizar posições ideológicas e partidárias, confundem a opinião pública e favorecem ao descumprimento de compromissos e à descaracterização dos partidos políticos.
Na verdade, precisamos acabar com essa idéia de o Poder Legislativo construir maioria para dar irrestrito apoio ao governo. Isso cheira a barganha. Que é sempre perniciosa para os nobres propósitos da Casa. Há que reforçar a independência dos Poderes. Precisamos recolocar o país e o cidadão no centro de todo projeto ou programa de governo. E não ficarmos atrelados a essa questão de “maioria” que, no final das contas, só serve como moeda de troca para atender interesses - quase sempre escusos - de grupos ou de pessoas
Durante o mandato eleitoral todo político se preocupa com a sua reeleição, isso é esperado e bem aceito pela sociedade. Mas este parlamentar, do vereador ao Presidente da República, não deve esquecer que os votos que o elegeram podem ir para outro candidato quando da sua reeleição. Se mantiver esta preocupação, o político direciona seu trabalho para cumprir suas promessas de campanha e assim justificar os votos que recebeu. Se desviar deste foco os votos recebidos fatalmente irão para um correligionário ou até mesmo para o seu adversário, e isto é o que nenhum candidato deseja. Além da preocupação em manter os eleitores fiéis, o político tem de procurar arrebanhar novos eleitores, de preferência os do seu adversário. Arrebanham-se outros eleitores exercendo um mandato de acordo com as promessas de campanha, renovando essas promessas, justificando porque não conseguiu realizar todas, apresentando novas propostas e não desprezando as propostas do adversário, mas aperfeiçoando-as.
Manter o eleitor cativo é uma tarefa árdua para qualquer político, sobretudo num sistema com grande número de partidos em que as propostas de uns são muito semelhantes às dos outros. O político não deve esquecer que o eleitor é sensível e vota no candidato que trabalha com seriedade e oferece melhores promessas de condições de vida, emprego, saúde, educação, moradia etc. Ao sentir que seu candidato não cumpriu as promessas ou que agiu com descaso para o seu problema, o eleitor muda de voto sem o menor pudor... É o seu desabafo, é o troco! E poderá se transformar no cabo eleitoral do político do partido adversário.
São vários os caminhos para reeleição, um deles é o político agir com retidão, ética e prestar contas do seu trabalho. Não basta conquistar o voto do seu eleitor, tem que conquistar o próprio eleitor. Cada eleitor conquistado torna-se num cabo eleitoral imbatível. Você já deve ter se perguntado: quanto vale o nosso voto? Vale muito. Há valores éticos e morais envolvidos nesta questão, que são incalculáveis, porém, bastante significativos. Vale, também, o nosso bem-estar, nosso presente e nosso futuro. Mas, para facilitar., sejamos pragmáticos. Apenas para que se tenham uma idéia vaga. E porque tantos gastam tanto para “servir” ao nosso país.
Por isso, muita atenção na hora de escolher seus representantes e, principalmente, o presidente, da república. Este, por razões mais do que óbvias. Se não tiver liderança, habilidade política, competência e um programa de governo, sairá muito mais caro do que se pensa. E trará mitos prejuízos. Para todos nós. Inclusive para quem não votou nele.
Acadêmico do Curso de Direito.