TRAUMA SEXUAL

 

 Dídimo Heleno Póvoa Aires

05/06/2004

 

 

                               Adamastor chegou de mansinho, pé ante pé, encostou na soleira da porta, espiou por entre a fresta e, no meio da penumbra, distinguiu o corpo esguio da morena que ressonava, entumecendo o lindo busto quando arfava, contraindo os bicos dos seios no tecido fino de cetim. 

 

                               Pensamentos lascivos inundaram a mente do pobre rapaz. Como gostaria de estar ali, naquele colchão macio, roçando o seu corpo naquela pele morena de pêlos dourados. Mas, conformava-se, não passava de um reles empregado. A filha do patrão? Imagine. Nem pensar.

 

                               Corriam-se os dias e Adamastor masturbava-se como um louco. Andava banzo, de olhos fundos e negras olheiras contornavam seus olhos. Não podia pensar na filha do patrão que logo ficava excitado.

 

Com seus 17 aninhos, a moça estava bem consciente sobre as intenções do rapazote. Várias vezes o surpreendeu olhando para suas coxas, com um olhar comprido e faminto. Provocante como ela só, colocava uns shortinhos bem curtos, daqueles que deixam mostrar a lasquinha da bunda. Adamastor suspirava, suava, fantasiava orgias e indecências de toda espécie. Seus banhos tornaram-se longos e espinhas brotavam da face, deixando seu rosto com aparência de maxixe.

 

A rapariga, cada dia melhor. Bunda empinada, pernas torneadas, pêlos descoloridos, marquinha de biquíni e seios que pareciam atirar em Adamastor. Era um Deus nos acuda. O rapaz andava descontrolado, nervoso, fraco, necessitado.

 

Um belo dia, passando em frente à janela do quarto da moça, Adamastor não resistiu e, olhando em volta desconfiado, com aquele ar de quem está fazendo algo errado, verificou que não havia ninguém por perto. Empilhou alguns tijolos e subiu neles para apreciar a moçinha, que estava apenas de calcinha. Pelinhos cor de ouro refletiam sob a luz, mostrando as nádegas redondas e grandes, a cintura fina e as coxas grossas e torneadas. As pernas do rapaz começaram a tremer.

 

 Quase fora de si ante a cena que assistia, Adamastor não percebeu quando  o pai da donzela chegou de repente e se postou bem atrás dele, a mão na cintura, observando com ar enfurecido as proezas eróticas do empregado. – Péra tu, cabra! – esbravejou o velho.

 

Com as calças pelo meio das pernas e o membro viril na mão, Adamastor emitiu um urro de medo e prazer, com os olhos esbugalhados de terror e êxtase. No instante seguinte, caiu desacordado, dando convulsões e espasmos horríveis. Recuperado, o rapaz nunca mais foi o mesmo, pois ficou meio abobado, totalmente traumatizado. Segundo dizem, quando escuta a palavra “sexo”, começa a babar, tremer e puxar os cabelos desesperadamente

*Dídimo Heleno Póvoa Aires – advogado e escritor.  

 

       

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