O ANO DAS ILUSÕES PERDIDAS

 

 

DÍDIMO HELENO PÓVOA AIRES*  

 

11/02//2006

 

 

Diferentemente do que muitos acreditam, 2005 foi um ano dos mais prolíficos para o Brasil e os brasileiros. Foi o ano das desilusões, o ano em que nos amadurecemos como eleitores e cidadãos; o ano em que não engolimos o embuste do desarmamento e, principalmente, foi o ano em que aprendemos a desconfiar de qualquer conversa fiada de candidato populista treinado por marqueteiro corrupto.

Aos trancos e barrancos, estamos nos lapidando, nos preparando para escolher com sapiência os nossos representantes. O grande teste virá em outubro, quando estaremos mais uma vez na frente da urna eletrônica, aptos a decidirmos o destino da Nação. Infelizmente, em âmbito nacional, seremos obrigados a escolher entre o ruim e o menos ruim. Provavelmente a eleição ficará polarizada, mais uma vez, entre Lula e José Serra. E pensar que há pouco mais de três anos o eleitor foi às urnas cheio de esperança, ávido por mudança e, agora, voltará como gado para o abate, triste e cabisbaixo, decepcionado, arrasado e diante de opções velhas para problemas mais velhos ainda.

Lula, completamente avariado, cambaleante como um soldado baleado, quer ressurgir, como a fênix, das cinzas e da lama que o seu Governo mergulhou até o pescoço. José Serra, com toda a simpatia que Deus não lhe deu, será uma das “esperanças” para o sofrido povo brasileiro. Sem falar que teremos de engolir o neto do ACM nos dando preciosas lições de moral, aprendidas no berço esplêndido. Para a sorte do povo brasileiro, 2005 foi o ano em que um corrupto contrariado resolveu colocar a boca no trombone e, graças a isso, deu-se início a um festival de denúncias, mentiras e desmentidos, lágrimas e sangue.

Saímos todos chamuscados, atingidos pelos estilhaços da bandalheira que tomou conta do País; estamos feridos mas de pé, prontos para encarar mais uma vez a árdua e desigual batalha da sobrevivência. O ano de 2005 foi o ano em que o Fome Zero continuou zero, que os dez milhões de empregos não foram criados e que o pobre continuou pobre. Foi também o ano em que a educação continuou sendo uma mentira que prima pela quantidade e não pela qualidade. Milhões de semi-analfabetos diplomados atiraram seus capelos para o ar, festejaram um curso superior feito “nas coxas” e milhões de professores exercitaram o hábito de fazer de conta que ensinam e os estudantes o de fazer de conta que aprendem; outros milhares de professores preferiram tirar férias de 100 dias, pouco se lixando para os que deveriam estar fazendo de conta que aprendiam alguma coisa. Em tais aspectos, o Brasil de 2005 não foi tão diferente assim dos anos anteriores.     

O novo ano chegou, pronto para ser vivido. Espera-se que, além da Copa do Mundo, outras alegrias estejam nos aguardando. Espera-se que a surra moral que levamos durante todo o longínquo ano passado possa ter servido de lição para alguma coisa. E, finalmente, espera-se que os candidatos também tenham aprendido algo com tudo o que aconteceu no fatídico e proveitoso 2005, o ano das ilusões perdidas. E a você, leitor, o meu mais profundo desejo de que, diante das promessas e falácias dos políticos malandros, dê um suspiro de indignação e enfado e faça-os engolir um voto contra. Feliz 2006.   

 

*Dídimo Heleno Póvoa Aires – advogado.

 

 

       

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