15/01/2005
José Cândido Póvoa jcpovoa@hotmail.com
Desde criança acalentei um sonho: poder um dia observar a terra de longe, como fazia em relação às estrelas e todo universo que meus curiosos e ainda inocentes olhos podiam ver e os meus sonhos alcançavam. Instalado que sempre estava nos meus observatórios infantis, quer seja nos mais altos galhos de uma mangueira ou outra árvore qualquer, da torre da igreja ou num ponto mais elevado que eu pudesse estar. As noites enluaradas ou mesmo escuras e cheias de estrelas, sempre encantaram-me e deixaram-me perplexo e fascinado. Os mistérios e segredos que ali estão guardados, sempre provocaram em minha alma ilações das mais diversas. O certo é que dias atrás, ao acessar a internet, qual não foi minha surpresa, quando vi na tela do computador, estampada a imagem que mostrava uma pequena bola azul, acompanhado por uma ainda menor. Estava ali o primeiro registro fotográfico da terra e lua a partir do planeta vermelho, Marte, que está a uma distância de 138 milhões de quilômetros. A foto foi feita e remetida pela sonda Mars Global Surveyor, da Nasa, no último dia 8, fato que vem sendo tentado desde 1997, por outra nave de nome Pathfinder. Por muito tempo ali permaneci a questionar aquela ocorrência inédita e quase inacreditável. Pude constatar e desfazer algumas dúvidas que trazia dentro de mim desde a infância. Certifiquei-me do quanto somos pequenos em relação a essa grandeza que se apresenta todas as noites sobre nossas vistas. Tive a feliz oportunidade de execrar, mais uma vez, o egoísmo humano, que num azáfama desconcertante, despreza os mais próximos e cada um pensa em si próprio. Diante daquele pequeno ponto azul que se apresentava na tela, tive, por questão de consciência e mesmo diante dos parcos conhecimentos que ainda tenho, que render-me à supremacia do povo americano. Estava ali, sob minhas vistas, uma imagem nunca vista, por qualquer ser humano. Naquele momento não pude deixar de lembrar-me do mestre Padre Magalhães, professor no Ginásio João D’Abreu, em Dianópolis, que além do português, matéria que ensinava com maestria, sempre embasado no latim e no grego, era, também, um exímio lente de conhecimentos gerais, de psicologia e filosofias de vida, que constatamos verídicas pelos caminhos que palmilhamos na nossa estrada. Dentre os diversos conceitos, nos ensinava que Roma foi a cabeça do mundo por muito séculos. Dizia sempre: “Roma, caput mundi.” Ali se concentrou, à época, toda a potência do velho mundo, tanto estratégico como econômico e bélico. Mas, também, sempre afirmou que o poder sobre a terra é passageiro e nunca se eterniza, como foi o caso daquela antiga cidade. Diante de tantos fatos inéditos que nos tem proporcionado o povo americano, da tecnologia tão avançada que dominam, do poderio bélico incomparável, não poderíamos dizer que hoje os Estados Unidas são a cabeça do mundo ? Com certeza sim. Mas até quando ? Só o futuro nos dirá.