23/01/2005
José Cândido
Póvoa jcpovoa@hotmail.com
Existem
fatos e pessoas que não podem ser esquecidos nos arquivos da hitória. O
antigo norte de Goiás, hoje Estado do Tocantins, sempre foi pródigo em
homens de valores incontestáveis e incomparáveis, haja vista as dificuldades
que à época enfrentavam. Se não bastasse a falta de recursos financeiros,
faltavam recursos humanos e até o acesso às cidades era dificultado pela
quase inexistência de estradas. Mas nada foi empecilho para algumas pessoas
que traziam consigo a vontade de ajudar a nossa esquecida região e marcar seu
nome de forma indelével para todos nós. Sem cometer injustiça com outros
verdadeiros desbravadores, tenho o dever e a honra, como filho de Dianópolis,
de citar aqui um fato de suma importância e que não é suficientemente
conhecido pelas novas gerações: no início da década de cinquenta,
mais precisamente no ano de 1953, um jovem claro, alto, com aspecto de
europeu, embora fosse de Patos de Minas, filho do nordestino e
querido tio Zeca Piauí, de Serra Talhada e de minha tia Amelinha,
Dianopolina, pessoas que deixaram em nós gostosas lembranças da infância,
principalmente pela amizade que dedicavam a todos que deles se acercavam.
Aquele jovem chegava em nossa terra, trazendo consigo a determinação de
implantar nas proximidades da cidade, uma escola agrícola
profissinalizante, para abrigar e
educar crianças e jovens carentes da região. Ali estariam alunos internos do
sexo masculino e orfãos, tendo prioridade os que não tivessem pai nem mãe.
Um caminhão chevrolet, depois de mais de trinta dias de viagem originada no
Sul do Estado, adentra em nossa
pequenina cidade trazendo como carga principal a esperança para muitos irmãos
abandonados pela sorte. E assim começava uma nova história para toda região.
No princípio um rancho de palha e grandes canteiros de hortaliças. Foi a
partir daí que conhecemos verduras e legumes que até então não sabíamos
que existiam: rabanetes, beterrabas, belos pés de alface, imensas plantações
de tomates, várias qualidades de feijão e muita lavoura de arroz e um imenso
pomar. Iniciava a instalação do Instituto Profissional São José. Seu
idealizador e fundador: Hagahús Araújo e Silva. Um jovem determinado, vindo
do Rio de Janeiro, onde adquiriu experiências com obras sociais, disposto a
colocá-las em prática em nossa terra. Por muito tempo dirigiu a escola,
contando com o auxílio da fiel companheira Josa e do querido casal,
Dr. Wilson Araújo Póvoa e Dª Celeste, que, também, dedicaram trinta
anos de suas vidas à vida dos mais necessitados. Foram profissionalizados
sapateiros, pedreiros, carpinteiros, lavradores, mecânicos, motoristas,
cozinheiros, entre outras profissões. Além dos que depois seguiram em frente
e concluiram até o curso superior. Essas abnegadas pessoas, com o auxílio de muitos outros colaboradores, já
cumpriram grande parte da missão que só as pessoas boas têm
e sabem fazer sobre a terra nessa
efêmera vida. Agora, cinquenta anos depois, o município de Dianópolis
levanta-se e movimenta-se, para se fazer cumprir a justiça e reconhecer
um trabalho que por muitas vezes passou desapercebido por muitos. Neste
momento, quero juntar-me aos conterrâneos e dizer a
esses batalhadores, em especial ao quase/conterrâneo Hagahús, um
autodidata com curso superior na faculdade das experiências da vida, pós
graduado e doutorado em auxiliar os humildes e deserdados da riqueza material,
do sincero reconhecimento de todos, em especial o nosso, aqui fazendo voz e
vez de muitos que gostariam de dizê-lo pessoalmente, principalmente dos
jovens que pelo Insituto passaram, todos
bem encamihados na vida, quando até sua chegada se quer vislumbravam
um futuro, e hoje, com certeza consideram-se
filhos seus e guardam no coração e na alma
a certeza de que você é uma pessoa iluminada e já inseriu sua história
nos anais de Dianópolis, que neste momento de justa homenagem, tem a dizer:
os homens não ficam na história pelo que avantajam de bens materiais, mas
pelas obras realizadas em prol dos que mais necessitam. Que Deus lhe cubra de
luz e paz, juntamente com sua família,
amigos e todos da minha querida terra natal.