12/02/2005

LIÇÃO DE VIDA NA FEIRA LIVRE

 José Cândido Póvoa jcpovoa@hotmail.com

                                                 

                          Desde os primórdios da humanidade, quando o homem conseguiu organizar-se em grupos e depois em sociedade, o comércio faz parte do seu dia a dia. Quer nos moldes mais antigos como nos mercados de troca de mercadorias, quer no sistema mais contemporâneo, na aquisição de bens e gêneros com  valores e moedas. Assim surgiram os primeiros mercados e feiras. A exemplo de milhares de Palmenses, não sou e nem gostaria de  ser exceção. Gosto de freqüentar a feira livre, popular ou coberta como queiram chamar,  realizada nas sextas-feiras à noite e sábados pela manhã na 304 sul. Ali a gente encontra mescladas  as verdadeiras identidades da nossa gente, além das bancas de verduras, frutas, cereais, tudo novinho, ainda com cheiro de  terra fértil e bem trabalhada; peixes, paçoca de carne de sol, mocotó, sarapatel, frango caipira, farinha de mandioca, paneladas de carne de porco frita na banha, queijos, milho verde cozido e assado, pamonhas, água de coco e outras delícias. Uma verdadeira miscelânea de cores e sabores. Em meio a tudo isso, misturando-se e convivendo numa harmonia invejável, os homens do campo, políticos, executivos e as pessoas simples e autênticas representantes do povo. Como faz bem ver todo aquele movimento espontâneo fazendo e refazendo ou mesmo destruindo os preconceitos humanos! Como  num passe de mágica, o feira transforma-se num recanto de paz e confraternização. Lá não existem diferenças de classes. O próprio ambiente encarrega-se disso.E no meu zigue-zague por entre mesas, cadeiras e todos aqueles vendedores, deparo-me com um simpático senhor já com seus sessenta e poucos anos, oferecendo  remédios feitos à base de raízes, caules, folhas e até  veneno, banha e ossos de cascavel moídos. Uma autêntica farmácia de medicina alternativa. Tudo devidamente envasilhado em frascos de todos os tamanho, oferecendo lenitivo para  os males que afligem o homem. Em tom de brincadeira, quis saber  daquele vendedor compenetrado de suas curas,   se ele não teria alguma porção que ao ser ingerida, fizesse os meus bolsos rechearem-se de muitos reais. Prontamente disse-me que sim e entregou-me um vidro vazio. Curioso, quis saber o que continha aquele frasco. Na  simplicidade de homem interiorano e carregando a filosofia popular nos olhos e nas palavras, respondeu-me que o conteúdo daquele vidro era invisível, embora sendo o mais importante da sua coleção, pois tratava-se da saúde. LIÇÃO: o essencial é invisível aos olhos. (Saint Exupéry).

 

       

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