Violência policial quase termina em tragédia em Dianópolis

 


02/10/2006


Na noite de sábado (30/09), Dianópolis foi palco de um episódio lamentável.
A truculência, despreparo, uso excessivo de força, covardia, falta de noção e outros vários nomes podem ser dados para a ação. Diversos jovens foram vítimas de violência policial, com agressões, espancamento, humilhação e até tiros.

Era noite de sábado, véspera de eleição. O Bar de Santana estava lotado. De repente, uma viatura da Polícia Civil estaciona em frente ao bar, atravessada na rua, bloqueando a passagem. Foram para fechar o bar, por conta da aproximação do domingo de eleição. Foi aí que começou o abuso da polícia....

Um jovem conhecido como Fabinho, morador de Goiânia, parou seu pálio no meio da rua, que estava bloqueada com as viaturas da polícia. Pediu para abrir passagem, pois queria seguir seu caminho. O policial militar se aproximou e pediu os documentos. Conferiu. Já demonstrando o abuso de poder, pediu para o rapaz descer do carro. Este, relutou. Já com violência, o policial militar abriu a porta do carro, puxou o rapaz com uso excessivo de força e o jogou no chão. A intenção já era algemá-lo.

Ao perceber o furdunço, algumas pessoas que estavam no Bar de Santana foram intervir, pois a polícia queria prender o tal Fabinho. Marco Aurélio, mais conhecido como Tubão, foi um dos primeiros a se manifestar. Junto com ele, vários outros. Não satisfeito em abusar do poder com Fabinho, o policial quis prender Tubão.

Percebendo o abuso, Mário Sérgio começou a tirar fotos de seu celular.
Obviamente, ia documentar aquele flagrante de despreparo da polícia. Ao ver que a ação estava sendo registrada, um policial deu-lhe um tapa na cara. Seu celular foi jogado no chão. Em seguida, o policial chutou para longe o aparelho, que se perdeu naquela confusão e não foi mais achado.

Um policial civil tentou agredir novamente Mário Sérgio. Ao perceber isso, seu irmão Robspierre (Robim), entrou no meio e apartou o movimento.

Os policiais continuavam na tentativa de prender Tubão. Muitos dos seus amigos estavam acompanhando aquela bagunça. De repente, um policial agride Roger (Baixote)Deu nele um soco no estômago. Baixote, como já diz o apelido, é um sujeito de pouca estatura. Com o soco, ele caiu pra trás, aparado por Robim. Nisso, Robim empurrou um policial, pra cessar aquela agressão. Foi a conta. Outros três já o agarraram, dando voz de prisão. A desculpa oficial, ou alegação - como o policial preferiu chamar: agressão a um policial.

Jogaram Robim e Tubão no camburão e os levaram para a delegacia. Ao chegar lá, já desceram Robim do carro o agredindo a tapas na cara, socos e chutes.
Em Tubão, não encostaram a mão. Já Robim...foi levado lá para dentro e covardemente espancado. Além da humilhação verbal, foram dezenas e dezenas de tapas na cara, socos no estômago, na costela, no baço e chutes. Chute no órgão genital e na perna. O espancamento não parava. Só não terminou numa tragédia maior porque seu pai, Mário Careca, foi informado do caso e correu para delegacia. Lá entrou aos berros, indignado com aquela agressão. A sorte de Robim foi essa. Se não, sabe lá Deus ainda aquilo podia parar.

Dos policiais civis que espancaram Robim só se sabe, até agora, o primeiro
nome: Átila e Idélio. Ambos já respondem no Ministério Público por abuso semelhante. Ou seja, são reincidentes.

Os policiais deixaram de espancar o filho e levaram o pai para fora da delegacia. Lá na porta, outro absurdo acontecia...

Como sabiam que Robim e Tubão tinham sido levados para a delegacia, seus amigos para lá correram. Na porta, várias pessoas foram acompanhar o caso.

Lá, absolutamente todas elas foram obrigadas a deitar no chão. A polícia, tanto a Civil quanto a Militar, de arma na mão. Não só revolver, mas também metralhadoras. Tiros foram dados para cima. Tiros até no rumo das pessoas, já deitadas. Felizmente ninguém foi atingido. Renan tave o carro do seu pai perfurado por uma bala. Clique aqui e veja a foto da marca da bala na lataria.

Mesmo deitados, vários foram agredidos. Luciano Milhomem (Bocão), por exemplo, recebeu vários chutes e foi pisado pelos policiais no rosto e nas costas. Isso também aconteceu com Sandro Araújo (Barrão). John Cavalcante também recebeu chutes quando estava no chão. Um deles atingiu seu maxilar, deslocando-o. Há suspeitas de fratura.

Cada pessoa que se aproximava era recebida a bala, para ser intimidada. Até o advogado dos detidos, Mário Cavalcante (Marão), recebeu igual tratamento.
Atiraram em seu rumo. Vejam o que disse Mário:

“Me dirigindo a Depol, avistei de longe várias viatura com o giroflex ligado e uma dezena de policiais civis e militares em posição de confronto, diversas pessoas deitadas no chão, tiros e etc.. Parecia uma praça de guerra. Ao me aproximar da Delegacia e antes mesmo de parar meu carro, recebi, de um sub-tenente da PM, ordem para que descesse do carro e deitasse no chão... Ao descer do carro o despreparado do militar deu um tiro na minha direção, gritando em voz alta para que deitasse logo. Tentei me identificar, mas mesmo assim tive que deitar no chão, no meio da rua... Avistei um militar conhecido (Ivacy) e pedi para que ele se aproximasse... Então ele me reconheceu e me levou até o interior da Delegacia, sob protesto dos outros policiais...”

O absurdo argumento do delegado: “prevenção”. Disse que queria evitar uma suposta invasão da Delegacia de Polícia.

Mário Cavalcante explica que conversou com a Promotoria de Justiça da cidade, que prometeu apurar o caso e agir no rigor da Lei. “Temos todas as
provas: testemunhal, pericial (eles fizeram exame de corpo de delito), e material (temos várias cápsulas de balas que foram deflagradas)”, contou Mário.

“No meu caso, irei colher assinatura de alguns Advogados de DNO e entrarei com pedido de providência junto a OAB-TO, posto que eu estava no exercício da profissão e fui constrangido a me deitar no chão, sob a mira de uma arma, mesmo depois de ter me identificado com advogado”, acrescentou ele.

Robim e Tubão foram liberados apenas as 4:30 da manhã. Imediatamente, Robim foi ao Hospital fazer o exame de corpo e delito. Ao ir buscar o exame hoje, a grande surpresa: o médico, o cubano Dr. Jorge, disse no laudo que não observou nenhuma lesão. Dá pra acreditar?

Na tarde de hoje (2/10), Robim, John, Sandro Araújo, Roger e Mário Sérgio foram ao Ministério Público e deram depoimentos. O MP apurará o caso, ouvindo as testemunhas indicadas e os acusados do abuso.

Robim conta que recebeu manifestação de apoio de diversas entidades:
Maçonaria, Associação Comercial do Município e a Câmara Municipal se solidarizaram e editarão nota de repúdio.

Os agredidos buscarão ainda a imprensa do Tocantins para repercutir o caso, além de apresentar denúncia também na Secretaria Estadual de Segurança Pública, Corregedoria da Polícia Militar e Civil.

O site www.dno.com.br lamenta o fato ocorrido e solidariza com as vitimas agredidas tanto moral como fisicamente.

 

(Esta matéria nos foi enviado pelo e-mail de Mário Sérgio Xavier indaga1@hotmail.com)

 

       

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