Amor às Letras

 

Por DÍDIMO HELENO PÓVOA AIRES*                                                                                                        

04-09-2009

 

Dianópolis é reconhecidamente uma cidade de  escritores – ou autores, como preferem alguns. É inegável que  muitos filhos daquela terra se dedicam à literatura. Exatamente por isso, inadmissível que ainda não contasse com uma academia de letras. Isso foi resolvido no último dia 25 de agosto, véspera do aniversário da cidade, quando aconteceu a fundação da Academia Dianopolina de Letras, fruto da ideia e perseverança da Profª. Nizinha, Abílio Wolney Neto e do Pe. Magalhães, que agora veem o antigo sonho realizado. Sem qualquer exagero, talvez Dianópolis esteja, proporcionalmente, entre as cidades brasileiras em que mais pessoas se dedicam à literatura.

De modo geral, academias como as de Dianópolis têm dificuldade em reunir seus membros, já que a maioria mora fora. Com o advento da internet e todas as facilidades de comunicação dos dias de hoje, isso pode ser resolvido, até porque se trabalha com a escrita, que, num clique, viaja por todos os cantos do mundo.

Não são poucos os que questionam a existência das academias, dizendo tratar-se de algo inútil, apenas para afagar o ego dos intelectuais, que se envaidecem com o título de “imortal”. Sem dúvida há muita vaidade e soberba no meio intelectual e, principalmente, no pseudointelectual. Contudo, num país como o nosso, em que a educação é relegada a outros planos, é importante que uma organização voltada para difundir a cultura e o amor aos livros exista no meio de nós. De qualquer forma, quase sempre críticas às academias são feitas por quem não faz parte delas, mas gostaria de fazer.    

As academias – enquanto instituições – são louváveis. Como outras associações de homens, o que as fazem parecer inúteis é a presença de homens inúteis. Para utilizar um exemplo bem adequado ao nosso tempo, é o mesmo que defender o fechamento do Congresso Nacional e da Academia Brasileira de Letras por conta de José Sarney, que é um de seus membros.

Mas o fato é que as academias de letras existem e isso é bom.  Dianópolis enfim conquista a sua, o que sem dúvida contribuirá para que novos escritores e poetas surjam de suas entranhas. Um dos principais objetivos de uma academia, no meu entender, é possibilitar a publicação de livros, já que essa é tarefa das mais árduas no Brasil. Primeiro porque o público leitor é pequeno; segundo porque o preço é alto e, terceiro, por conta do pouco incentivo que as crianças encontram em seus próprios lares, mais dedicados à TV do que aos livros.

E penso que foi justamente a falta de TV – que só chegou a Dianópolis na década de 80 –  o fator  primordial para que os nossos pais se dedicassem mais à leitura, hábito que foi repassado aos filhos. Quando menino, li todos os livrinhos de faroeste da coleção do meu pai; depois li todos os gibis e as revistas Seleções do meu tio e padrinho Wilson; mais adiante, já adolescente, me entusiasmei com os livros de Sidney Sheldon e Harold Robbins de minha irmã Hellen. Mais tarde a Profª. Nizinha se encarregou de me apresentar os clássicos. Não nos faltava incentivo. 

Claro que a TV também pode ser grande parceira no desenvolvimento intelectual.  Mas quando ela chegou lá em casa os livros já haviam conquistado a mim e minhas irmãs.  Leitura é hábito que pode se tornar um “bom vício”.  Creio que a Academia Dianopolina contribuirá para que essa tradição de amor às letras permaneça entre seus habitantes.

                                                                  

E-mail: dibeleno@yahoo.com.br

 

*Dídimo Heleno Póvoa Aires  advogado, membro das Academias Palmense, Dianopolina e Tocantinense Maçônica de Letras.  

 

       

Sai

 

 

 

          http://www.dno.com.br