QUOTAS RACIAIS PARA ACESSO À UNIVERSIDADE

 

Núria García Camblor

26./10/2006

 

O Brasil está na iminência de cometer um grande erro histórico com conseqüências nefastas. Seria a volta da segregação racial oficial, se aprovada a lei que estabelece “Quotas” para beneficiar determinadas etnias em detrimento de outras.

Numa época em que até o conceito de “raças” já foi superado aparecem propostas estapafúrdias deste tipo, baseadas em uma tal de “dívida histórica da sociedade branca pela escravização dos negros”. Quem defende esta idéia demonstra, no mínimo, desconhecer a história. A prática da escravidão é tão antiga como o homem. Nas tribos primitivas que viviam guerreando entre si, os inimigos derrotados que não eram mortos viravam escravos dos vencedores. Isso acontecia com todos os povos independentemente de sua cor. Aliás, na época do Império Romano, os escravos em sua maioria, eram brancos, louros e de olhos azuis, produto do “botim”, que era parte do pagamento a que os soldados romanos tinham direito nas guerras contra os “bárbaros” do norte da Europa.

A idéia equivocada de associar escravo com negro africano, é porque se restringe a memória histórica aos últimos tempos da escravidão. Nos últimos 400 ou 500 anos, os “bárbaros” que restavam eram os povos do continente africano e foi lá que os comerciantes de escravos se abasteceram para suprir a demanda das colônias do continente americano recém descoberto. Outro detalhe que também se esquece, é que os escravos que os comerciantes compravam eram isso: escravos - integrantes de tribos derrotadas e propriedade de seus captores, também negros, por suposto. É claro que o aumento da demanda incentivou as tribos dominantes à captura de mais prisioneiros para abastecer seu estoque de escravos. É a lei do mercado.

Falar de “dívida histórica” dos brancos descendentes dos colonizadores para com os negros descendentes de escravos, é uma grande bobagem, principalmente no Brasil em que depois de tantos anos de miscigenação o grande desafio é descobrir quem é branco e quem é negro.

Por outro lado, onde se encaixam nessa “dívida” os descendentes dos brancos europeus, principalmente italianos, que aqui chegaram após a Abolição e justamente para substituir a mão de obra escrava?

É muito fácil defender idéias simplórias como esta, buscando a solução de um problema para o que não existe vontade política de solução, que é a baixa qualidade das escolas públicas - obrigação primordial do Estado -, enquanto o governo se preocupa só com quantidade (quantos alunos completam o segundo grau), sem se importar que boa parte deles continuem semi-analfabetos.