A INJUSTIÇA DOS CORREIOS COM AS BIBLIOTECAS

Mario Ribeiro Martins*

24/03/2007


Sempre tive uma profunda admiração pelo trabalho realizado pelos CORREIOS. Aliás, esse amor pelos Correios é antigo. Praticamente fui criado dentro de uma agência do outrora CORREIOS E TELÉGRAFOS, na velha cidade de Fundão de Brotas, Jordão de Brotas, hoje Ipupiara, na Bahia, onde a minha tia Laurentina Ribeiro Martins era responsável pela agência.

Como se não bastasse, todos os meus parentes eram responsáveis por agências dos Correios nas cidades de Brotas, Morpará, Barra e Bom Jesus da Lapa, todas no sertão baiano.

Peguei amor aos Correios. Por quase 30(trinta) anos, em Anápolis, Goiás, mantive a Caixa Postal, 827. Quando me mudei para Palmas, Tocantins, passei a assinar a Caixa Postal, 90. Isso me leva aos Correios todos os dias.

Com essa experiência, posso afirmar que os CORREIOS SÃO INJUSTOS, especialmente com os ESCRITORES, INTELECTUAIS, etc., que geralmente mandam os seus livros, na maioria das vezes, gratuitamente, para Bibliotecas, Academias, Universidades, etc., como IMPRESSO ou como ENCOMENDA NORMAL.

O que acontece, na prática? O CORREIO, ao invés de levar a encomenda, no endereço indicado, leva um AVISO para que o DESTINATÁRIO vá à Agência dos Correios buscar a encomenda. Como o destinatário é uma Biblioteca, Academia ou Universidade não vai buscar a encomenda.

Quando se entra no site dos Correios, ao invés de estar escrito “ENTREGUE”, está escrito “AGUARDANDO RETIRADA”. Como a instituição não vai buscar a ENCOMENDA, por razões diversas, uma delas porque não dispõe de funcionário, a ENCOMENDA, depois de alguns dias, volta com a seguinte observação: “NÃO PROCURADA”.

Vejam o que aconteceu comigo: Comprei uma Caixa tipo 2 e coloquei nela livros para a ACADEMIA PARANAENSE DE LETRAS(41 3222 7731), RUA PROFESSOR FERNANDO MOREIRA, 370, CURITIBA – PARANÁ, 80410-120. Entre os livros, estava o DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO DE MEMBROS DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, com 1.034 páginas.

Depois de alguns dias, a Caixa com Encomenda Normal voltou com a observação “NÃO PROCURADA”. Na mesma hora, ainda dentro da Agência dos Correios, em Palmas, comprei outra caixa e mandei, inclusive, com a Caixa que retornara, por SEDEX, para o mesmo endereço.

Pois bem, o Sedex foi postado no dia 05.02.2007 e no dia 06.02.2007, por volta das 17:00 horas, o site do Correio, já dizia: “ENTREGUE”. A injustiça dos Correios consiste neste fato: substituir a entrega da ENCOMENDA no endereço indicado, por um mero “AVISO”.

Outra experiência: No ano passado(2006), mandei o meu DICIONÁRIO BIOBIBLIOGRÁFICO DE GOIÁS para várias entidades culturais dentro da Praça Cívica, em Goiânia e nas imediações dela. Nesta Praça fica a Agência dos Correios. Pois bem, depois de alguns dias, os livros voltaram com a célebre observação: NÃO PROCURADO.

Ora, todos que conhecem Goiânia sabem que a Agência dos Correios fica a poucos metros das entidades culturais para as quais os livros foram enviados.

Outro fato: A Editora Kelps me mandou como ENCOMENDA NORMAL um livro do escritor José Mendonça Teles. Pois bem, conforme o site de busca do Correio, a encomenda, sob o número “vc082746595br” foi postada no dia 02.02.2007, em Goiânia. Vejam: só saiu de Goiânia no dia 12.02.2007 e chegou em Palmas, Tocantins, no dia 14.02.2007. Portanto, a encomenda ficou em Goiânia, parada, durante 10(dez) dias.

Não é justo que os escritores, para que tenham os seus livros, colocados em Bibliotecas Públicas, Academias e Universidades, tenham de enviar os seus livros por SEDEX. Num pais como o nosso, com tantas dificuldades para se ter acesso aos livros e à leitura, é preciso que o Correio atente para este lado social da questão.

Veja outra dos Correios: No dia 01.03.2007, postei, em Palmas para Brasília, uma encomenda normal sob o número VC138328938. Pois bem, no mesmo dia 01.03, foi encaminhada para Goiânia que fica a 300 quilômetros de Brasília. Ao invés da encomenda ir para Brasília, foi no dia 05.03 para São Luis do Maranhão. No dia 12.03 chegou em São Luis e só no dia 17.03.2007 foi encaminhada para Brasília e ainda não foi entregue ao destinatário. Se ela voltar com a observação “NÃO PROCURADA”, vou dar notícia neste espaço.

Outro exemplo, em janeiro de 2007, mandei de Palmas para a Universidade Católica de Salvador, vários livros como “ENCOMENDA NORMAL”. Como a Universidade, por qualquer razão, não foi buscar no Correio, as encomendas voltaram no dia 14.03.2007(3 meses depois), com a observação costumeira “NÃO PROCURADO”. Pois bem, no dia 15.03.2007, fiz novos pacotes e mandei como SEDEX, sob o número SR623699278BR. No outro dia 16.03.2007, o site do Correio já anunciava: “ENTREGUE”.

Como é que pode? Durante 3 meses, o Correio não teve a coragem de pedir a um carteiro para entregar a encomenda de dois quilos na Universidade e preferiu gastar dinheiro para mandá-la de volta de Salvador a Palmas. Meus amigos, são livros que estão sendo enviados gratuitamente para Bibliotecas. Não é possível que o Correio continue prestando esse “DESERVIÇO” às Bibliotecas, impedindo a chegada de livros gratuitos.

Fica, portanto o apelo, para que os CORREIOS mudem a política de satisfação do cliente e passem a entregar a ENCOMENDA ou o IMPRESSO, no endereço indicado e deixem de mandar “Aviso”, especialmente, quando a encomenda não pesa mais do que 3(três) quilos.


*Mário Ribeiro Martins
é Procurador de Justiça e Escritor.
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