FELIZMENTE AINDA TEM GENTE QUE PENSA !!

 

30/10/2009

 

CARLOS CAMBLOR SUÁREZ*

ccamblor@uol.com.br

Matéria publicada por Alexandre Garcia, (jornalista e apresentador da Globo) na revista de bordo da “OceanAir”.       

 

MODISMOS

 

         Outro dia andaram apagando a iluminação de monumentos pelo mundo afora. O Parlamento, em Londres; a Opera de Sidney; a Torre Eiffel; o Redentor em Rio e a Ponte Estaiada em São Paulo. Era uma manifestação contra o “aquecimento global”. Vi, na tevé, uma passeata em Londres, contra o aquecimento. Fazia um frio de rachar, embora já estivessem na primavera do hemisfério norte: todos de luvas, gorros, abrigos pesados, tiritando, E faziam passeata contra o aquecimento. Na Londres que tem uma Grape Street; uma Vine Street. Ruas de séculos atrás, quando o calor permitia que a capital dos ingleses tivesse vinhas e uvas. Depois, gelaram as águas do Tâmisa, como mostram quadros do século dezessete e dezoito, com os londrinos a esquiar sobre o gelo. Ciclos de calor e frio – e não tínhamos as emissões de carbono. Tínhamos, sim, muita emissão de metano, já que os animais que produzem esse gás em seus intestinos puxavam milhares de carroças.

Estranho, não?. Alguém faz o lançamento do modismo, é famoso como Al Gore, e todo o mundo vai atrás, sem pedir provas. Acredita-se sem provas.

Parece questão de fé. Adere-se sem pensar, só por que a maioria está aderindo. Os que recebem jabá para lançar novidades musicais no radio sabem exatamente como isso funciona. A composição é desconhecida, mas “todo mundo está ouvindo, é o maior sucesso “, E vira sucesso. A musiquinha medíocre vira galinha dos ovos de ouro da gravadora que fez o bom lançamento. Não sei se Freud explica esse prazer em ser tapeado. Tal vez alguém esteja procurando ser punido. Aí, acredita que aquele carrinho de tração dianteira e um motorzinho de cortador de grama é um carro esportivo, porque está escrito sport e deram-lhe uma pintura que sugere ousadia. E há o pseudo “fora de estrada”, que se sair, não consegue mais voltar. Há quem compre e ainda fica orgulhoso de ter sido enganado.

Fico com um pé atrás em relação ao “todo mundo”. Não compro livro best seller, porque desconfio da qualidade dele; não vejo o filme de sucesso, não freqüento o restaurante da moda. È muito chato. Não deixam que a gente decida. Vão nos empurrando como se tivéssemos obrigação de seguir os outros e não a nos mesmos. Ah, não; eu só vou atrás de mim.

 

* É engenheiro e reside em Dianópolis

 

       

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